IMG_3843Por Ana Beatriz Martins de Almeida Nogueira

Advogada Militante há 30 anos na área criminal, família cívil. Também atua como  Conselheira efetiva da OAB Barra – RJ; Delegda da OAB -Barra – RJ; Presidente da Comissão da OAB Mulher Barra – RJ; Membro da Comissão de Direitos do Trabalho da OAB Barra – RJ; Membro da Comissão de Defesa do consumidor da OAB Barra – RJ; Membro da Comissão OAB Mulher RJ.


… de outros carnavais

Neste Carnaval de 2018, se amplia e se torna mais forte a campanha para que seja respeitada a mulher em qualquer situação em que se encontre nestes tempos de folia. No Rio de Janeiro, estão programados quatrocentos e setenta e três blocos para ganharem as ruas e neles, por certo, estarão foliãs a vivenciar a alegria e a experiência única de participar de grande festa de Momo em meio a uma multidão que se entrega. Nos blocos que já desfilam, está sendo distribuída uma ventarola, com #não brinque com os meus direitos e os logos CAARJ, OABRJ e de alguns blocos, na frente; no verso, informa sobre algumas leis que protegem as mulheres. Acredito que iniciativa semelhante ocorra também nos ambientes de clubes e de outros espaços onde ocorrem/irão ocorrer as festas, mas o carnaval de rua é uma vitrine ao acesso de todos e talvez nele ocorram com mais intensidade o desrespeito e as agressões mais violentas.

Nos anos 1950, os historiadores do carnaval de rua registram um declínio da participação popular nos blocos, embora o Cordão do Bola Preta, fundado em 1918, mantivesse sua tradição. No entanto, permanecia muito viva a relação carioca/samba/carnaval e podemos registrar a criação do Bafo da Onça, em 1956, no Catumbi, e do Cacique de Ramos, em 1961. Nos anos 1960, os seus desfiles na Avenida Rio Branco arrastavam animados foliões.

Nesse percurso, em 1973 a Banda de Ipanema fez seu primeiro desfile, fartamente registrado na mídia, provocando um grande impacto. O comportamento das mulheres na Banda promoveu muita inquietação numa sociedade de perfil predominantemente conservador, pois sua participação parecia expressar o rompimento com os padrões de submissão e recato e sua exposição permitiria/provocaria o desrespeito a sua posição de mulher. E esta parece ser a interpretação ainda vigente.

Não é uma questão tão simples para caber neste breve relato. Seria preciso abordar o desenho de um novo papel e função da mulher na sociedade, germinados no período os anos 1940/1950, e todas as perdas e conquistas dos movimentos dos anos 1960/1970. Esta foi uma primeira abordagem, provocada pelo Carnaval.